Série de Mensagens sobre:
CINCO VOTOS PARA OBTER PODER ESPIRITUAL
(Série elaborada a partir do livro do Pr. Tozer, do mesmo título)
4º Voto:
NUNCA PASSE ADIANTE ALGO QUE PREJUDIQUE ALGUÉM
(Mateus 5: 21,25; 38,42; 43,48; 7:1,12)
Introdução:
O quarto voto que todo aquele que deseja obter poder espiritual precisa fazer é: “Nunca passe adiante algo que prejudique alguém”. Você quer saber qual o sentido desse voto? O sentido é o seguinte: o crente não pode ser fofoqueiro.
Pr. Tozer diz que “o fofoqueiro não tem lugar no favor de Deus.” Dentre as muitas exortações dadas por Deus ao povo de Israel no período do êxodo, encontramos essa: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR.” (Lev. 19: 16). No livro de Provérbios encontramos uma exortação ainda mais contundente, que diz: “O mexeriqueiro revela o segredo; portanto, não te metas com quem muito abre os lábios.” (Provérbios 20: 19)
Um crente mexeriqueiro nunca terá, por exemplo, o dom de línguas. E até nisso Deus é maravilhoso. Você já imaginou um crente mexeriqueiro, com sua língua grande, falando em línguas? Ele morreria sufocado!
O autor do livro de provérbios diz que o mexeriqueiro é um homem de Belial – Belial é significa também uma pessoa má, sem valor – (Pv. 6: 12,19).
É possível ser um crente e agir como um filho de Belial? Sim!
Belial é um dos nomes dados para o diabo. A Bíblia diz que os filhos de Eli eram filhos de Belial e não se importavam com o Senhor (I Sm. 2: 12). É preciso, portanto, ficar atento e morder a língua para não agir como um filho de Belial.
Mas precisamos fazer uma ressalva para que este voto não seja mal compreendido. Nunca passar adiante algo que prejudique alguém não significa ser conivente com o pecado, com o erro. Ou seja, você não pode ver o seu irmão em pecado e fazer vista grossa. Diz o ditado popular que “quem cala consente”. Ver um irmão em pecado e ficar calado é concordar com o pecado e atrair para si um peso de maldição.
No Velho Testamento encontramos a figura do Atalaia. A função do Atalaia era alertar o povo sempre que visse um inimigo se aproximando. Se ele não alertasse o povo quanto a aproximação do inimigo, e uma vida fosse ceifada ele se tornava culpado pelo sangue desta pessoa (Ez. 33: 6,7).
Depois que Caim matou o seu irmão, Deus veio até Ele e perguntou: “Onde está o teu irmão Abel?”. No que Caim respondeu: “Não sei; sou eu o responsável por meu irmão?” (Gn. 4: 9). Até certo ponto nós somos sim responsáveis por nossos irmãos. Deste modo se nós estamos vendo que o nosso irmão está indo para o abismo é nossa responsabilidade alertá-lo, avisá-lo, exortá-lo. Não é porque ele é nosso irmão que vamos concordar com os seus erros. Muito pelo contrário. É justamente por ele ser o nosso irmão que temos a obrigação de alertá-lo.
Amigo que é amigo não passa a mão por cima e nem faz vista grossa quando vê que o seu amigo está errado. Veja só o que diz o livro de Provérbios: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo.” (Pv. 27: 17).
Você pode estar se perguntando: o que tem o voto de nunca passar adiante algo que prejudique alguém com o fato de obter poder espiritual? Afinal de contas poder espiritual não se alcança através da Bíblia e da oração? A resposta é: não! O fato de ler a Bíblia e orar não garante poder espiritual. O que garante poder espiritual é a decisão de praticar o que a Bíblia diz. Tem muito crente que não está alcançando o poder espiritual, a despeito de todo o seu conhecimento bíblico, a despeito de todo a sua experiência de vida cristã, pelo simples fato de que não está praticando o que a Bíblia diz.
Mas o que a Bíblia diz sobre a atitude de passar adiante algo que possa prejudicar alguém? Vejamos:
A BÍBLIA DIZ QUE CADA UM DEVE CONSIDERAR OS OUTROS SUPERIORES A SI MESMO.
Isso está claro na carta do ap. Paulo aos Filpenses, cap. 2: 1,11. O motivo que ele oferece para agirmos desta maneira é nada mais, nada menos, do que o exemplo de Cristo. Cristo agiu desta maneira e nós devemos agir de modo semelhante. Cristo nos deu o exemplo para que façamos a mesma coisa.
No sermão do monte Jesus diz isso de outra maneira quando interpreta a lei do homicídio – Mt. 5: 21,26. O que Jesus mostra nesse trecho do sermão do monte é que não podemos desprezar e nem desvalorizar o nosso irmão. Diz mais. Diz que agir desta maneira interfere na nossa relação para com Deus.
Jesus foi categórico ao dizer: “qualquer que disser a seu irmão: Racá, será levado ao tribunal. E qualquer que disser: Louco! Corre o risco de ira para o fogo do inferno.” (Mt. 5: 22b). Você sabe o que significa a palavra raça? É uma palavra aramaica cujo sentido é: “você não presta!”. Mas o pior é que tem gente que não presta mesmo. Não vale nada. Mas mesmo assim devemos morder a nossa língua para não evitarmos amaldiçoar. Mas vale morder a língua e ir para o céu, do que ir com a língua grande para o inferno (evangelho segundo pastor Ailton).
Como podemos dizer que uma pessoa não vale nada se Deus deu o que tinha de mais precioso, o seu único Filho, por amor a ela? Pode ser que você não valorize mais determinada pessoa, quem sabe um irmão, por conta do que ele tenha feito por você. Ele magoou o seu coração. Feriu mesmo. Você sofreu com isso. Quem sabe ainda sofra por conta disso. Mas o fato é que a despeito do que esta pessoa tenha feito ou deixado de fazer – ela é importante para Deus.
Não é sem propósito que Jesus ao fazer esta advertência nesse trecho do sermão do monte Ele fale também sobre o perdão. A única maneira de matar um inimigo é perdoando-o. A única maneira superar a ira por conta de uma ofensa, um desprezo, que veio da pessoa que você mais amava ou considerava é perdoando-a. A única maneira de sair da prisão emocional, que altera o seu humor, de curar aquela úlcera que insiste em sangrar, o câncer que avança sobre o seu corpo, é perdoando. Não tem outro remédio. E não se trata aqui de discutir que perdoar é difícil. É ruim. Mexe com nosso ego. Machuca. O que precisa ser considerado é que a pior do que dor de perdoar é a dor de guardar o rancor no coração.
A BÍBLIA DIZ QUE A VINGANÇA PERTENCE A DEUS
Por vezes o ato de passar uma notícia adiante é fruto de um coração vingativo. Uma pessoa, um amigo, esposo(a), um irmão, fez alguma coisa que magoou o seu coração. Aí você diz pra si mesmo: “não faz mal. Vai ter volta.” E aí tal qual uma cobra caninana fica esperando um deslize da pessoa que lhe causou sofrimento, para devolver na mesma moeda.
Jesus denuncia esse comportamento vingativo quando no sermão do monte Ele diz: “Vocês ouviram o que foi dito: ame o seu próximo e odeie o seu inimigo. Mas eu lhe digo...” (Mt. 5: 38,42).
O evangelho de Jesus não prega que devemos pagar o mal com mal. Três textos na Bíblia nos falam sobre isso: Rm. 12:17; 1Ts. 5:15 e 1Pd. 3:8,11. Ressalto aqui o texto de I Pedro 3: 8,11, que diz que o crente deve ser compadecido, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando injúria, por injúria, mas bendizendo, porque foi chamado para receber uma herança. Quando o crente se torna vingativo ele perde a sua herança.
Diz também que o crente deve refrear (colocar cabresto) do mal, evitar que os seus lábios falem dolosamente (ação deliberada para prejudicar uma pessoa – distinção entre crime doloso e crime culposo). Afastar-se do mal e buscar a paz e empenhar-se por alcançá-la. Trata-se de uma ação determinada contra o desejo de vingança.
A BÍBLIA DIZ QUE O AMOR DEVE SER A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA NA VIDA DO CRENTE.
É isso o que Jesus deixa claro no parágrafo do sermão do monte em que Ele fala sobre o amar os inimigos (Mt. 5: 43,48). Falar algo que prejudique uma pessoa não é atitude de amor. É maldade. Vingança.
O ap. Pedro mais uma vez nos exorta dizendo: “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.” (1 Pd. 1: 22,23)
O motivo para agirmos desta maneira é que fomos gerados de uma semente incorruptível. Regeneração tem a ver com ação profunda que Deus realizou em nossa vida. Regeneração tem a ver com novo nascimento. Aquele que está em Cristo não vive mais na dimensão do Velho Homem (Rm. 6:6; Ef. 4:22 e Cl. 3:9). Aquele que foi regenerado por Cristo busca viver em novidade de vida e tem sua vida regida não pela lei da carne, mas pela lei do amor.
A BÍBLIA DIZ QUE O JULGAMENTO PERTENCE A DEUS
Passar adiante algo que prejudique uma pessoa é uma forma de julgá-la por determinada ação, de condená-la. Durante o seu ministério Jesus Cristo nunca julgou uma pessoa. Ele sempre disse que isso seria feito pelo pai no dia do juízo. Por quê? Ele e o pai não são um? Ele não sabe de todas as coisas?
Jesus sempre protelou o juízo porque na Sua Graça Ele deseja que todos se arrependam. Jesus não veio para julgar, mas para salvar.
Mais uma vez Jesus aborda esse tema tão importante no sermão do monte (Mt. 7:1,12).
A ação de passar algo que prejudique uma pessoa pode ser interpretada como forma de camuflar um pecado oculto. O raciocínio é mais ou menos o seguinte: “eu vou apontar o erro do outro para que ninguém repare o meu. Eu vou apontar o erro do outro para mostrar o quanto eu sou santo, sou bom”.
Interessante que aparece de repente um comentário de Jesus sobre o valor de persistirmos em oração, para logo em seguida, no versículo 12, Ele retomar o assunto dizendo: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a lei e os Profetas.”
Por quê esse hiato para falar sobre a oração? Porque só através da oração é que podemos sair da posição de julgadores, ou seja, de superiores. Quando você ora você se coloca numa relação de superioridade perante Deus? Penso que não! Quando oramos nós suplicamos o favor de Deus. Nos apresentamos a Ele como escravos, como servos. E é essa atitude de submissão a Deus que nos permitirá sair da posição de julgadores em relação ao nosso irmão.
Conclusão:
O voto de nunca passar adiante algo que prejudique alguém é realmente desafiador. E é por ser desafiador que ele é determinante para alcançar poder espiritual.
Esse voto coloca em xeque o nosso eu, o nosso orgulho, a nossa vaidade, a nossa presunção de superioridade. Como falamos no início ele não nos coloca na posição de aceitar o erro, o pecado. É por termos uma relação de amizade que podemos denunciar o pecado. Que podemos dizer: “você está errado e eu não concordo com sua posição”.
Antes de partirmos para o quinto voto vamos relembrar os que já foram apresentados.
O primeiro voto é: TRATE SERIAMENTE O PECADO!
O segundo é: NÃO SEJA DONO DE COISA ALGUMA!
O terceiro é: NUNCA SE DEFENDA!
O quarto é: NUNCA PASSE ADIANTE ALGO QUE PREJUDIQUE ALGUÉM.
O quinto e último voto que veremos em seguida é: NUNCA ACEITE QUALQUER GLÓRIA!
Se queremos uma vida que faça diferença precisamos ter coragem de buscarmos forças em Deus para que assim possamos obter poder espiritual e vivermos de modo que a nossa vida faça diferença, e o mais importante, de modo que as bênçãos de Deus recaiam sobre nós. Amém!
Pr. Ailton G. Desidério
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